A SUPERFÍCIE
A manhã tranqüila convidada à meditação. Dois pescadores, assim entendendo a mensagem, permaneciam calados e entregues à linguagem do anzol, sem as expectativas de grandes pescados. O mar, igualmente sereno, absorvia os minutos e pensamentos de ambos. Em determinado momento, um deles interrompeu o silêncio e o fluxo do tempo: - Esta tranqüilidade parece absurda! O outro pescador, sem deixar-se abalar, permaneceu calado. - Estamos aqui, confortavelmente abraçados pelo sol e pela brisa, enquanto muitos sofrem e enfrentam conflitos... Percebendo que o silêncio não teria muita chance de sobrevivência, o outro resolveu dialogar, porém em tom suave e equilibrado: - Não se culpe pela beleza que a vida nos oferece. Aquiete o coração e vivencie a plenitude... - Mas como posso vivenciar a plenitude, se conheço as aflições que os outros enfrentam neste mesmo instante? - Você apenas conhece os conflitos; não os compreende em profundidade... - Não os compreendo? Se não os compreendesse não os estaria considerando reais! - A realidade que você define é o espelho da superfície... - Então o mar também não compreende a profundidade da vida... Veja: ele está sereno em sua superfície. O que me diz? - Cada ser espelha o que compreende profundo. - A superfície está serena, mas as águas profundas acolhem o tubarão... - As águas profundas acolhem o tubarão, assim como acolhem as pérolas escondidas entre as duras superfícies das ostras...
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