Ontem presenciei uma cena hilária entre duas estudantes de uma escola próxima de casa.
Estava eu no ponto, aguardando para tomar o ônibus da Universidade, quando percebi um pequeno alvoroço entre um casal de namorados e uma outra jovem.
Os insultos e palavrões mais absurdos eram proferidos pelas duas. Como eu já estava ali, fiquei observando o amargo diálogo das adolescentes:
— Você fica ligando para o meu namorado sua ordinária. — Disse uma.
— Eu não, ele é quem vive me procurando. — Bradou a outra.
— Meu namorado é um santo! Você é que é um anjo mal que vive dando em cima dele. Pensa que eu não sei?!
— Cale a boca sua metida, eu tenho namorado e se você falar mais alguma coisa, sou capaz de partir a sua cara.
— Então parta se você for mulher!
O namorado constrangido com toda aquela situação, gente por perto olhando e cada vez chegando mais, tentava acalmar a situação.
— Paciência meninas, vamos resolver esse problema com calma.
— Paciência nada, — disse a namorada do rapaz — essa oferecida é uma POLIGLOTA.
— Me chamou de quê sua ridícula? — Indagou a outra, tremendo de raiva.
— É isso mesmo que você ouviu; você não disse que tem namorado? Quer o meu também por quê? Se você deseja os dois e mais outros, ao mesmo tempo, é porque é uma poliglota.
— Ah não! — respondeu a ofendida. — eu não lhe dei permissão para falar de minha pessoa dessa maneira; posso ser acusada de tudo, mas ser acusada de poliglota, é o fim do mundo para mim.
E quando pensei que iria presenciar a pancadaria de verdade, meu ônibus chegou e eu tive que embarcar. Não fiquei sabendo se depois saiu os tapa e os puxões de cabelos, mas aproveitei para me sentar na última poltrona e meditar sobre as armadilhas da nossa Língua Portuguesa, algo que muitas vezes já está internalizado em nosso inconsciente.
Por ventura, ao proferir a palavra “poliglota”, não quis acusar a suposta amante de seu namorado da prática de bigamia ou até mesmo de Poligamia?
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