Bateram-lhe à porta. O garoto atendeu. Era uma jovem linda, qual alvorecer! Pedia para entrar, prometendo trazer flores àquele céu de nuvens pretas. Mesmo tentado, ele disse:
- Não posso. Tenho que trabalhar na roça. - preocupava-se com verão frutífero, cogitado e sempre lembrado por seus pais.
Menino cresceu, tornou-se homem, esburacando, semeando... capinando a vida!
O hábito de ir e vir fê-lo se descuidar, caindo, acidentalmente, na cova da própria lida.
Quase soterrado feito grão, foi resgatado finalmente. Salvo, olhou o campo... Vendo-o vasto e vazio, pensou: “Meu Deus, quantas sementes plantei, só eu, a única que vingou!”.
Ao perceber que o tempo fizera em pedaços grande espelho da vitrine, onde ele guardava sonhos e projetos, despencou no sofá, como folha amarela do outono. Sentado ali, observou, através da janela, o lúgubre inverno sorrateiramente se aproximando.
Saudoso, abraçou-se à imagem fugidia da Primavera batendo em seu umbral, refletida através da vitrine estilhaçada... e chorou!
(texto-lição de das minhas aulas do curso de escritor)
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