Certa vez, um curiango,
Para assistir a uma festa,
Foi pedir um paletó
Ao urutau na floresta.
Pediu tanto o curiango,
Pediu tanto e até chorou
Que o urutau ,compassivo,
De tanto dó lhe emprestou.
Ostentando a roupa nova,
Chegou ,garboso e contente,
Àquela festa famosa,
Esnobando toda a gente.
Mas, terminado o pagode,
O curiango safado
Nunca mais quis devolver
O paletó emprestado.
Por isso é que o urutau
Nas noites de lua, em ais,
Canta, sempre, lamentando:
¨”¨foi, foi, foi, não voltou mais!”
E o curiango, de longe,
Que do paletó gozou,
Num tom assim zombeteiro,
Responde: “amanhã eu vou”¨.
Quanta gente neste mundo,
Num gesto vil, desleal,
Ao receber uma dádiva,
Retribui o bem com o mal.
N.A. : - esta "estória" foi contada pela minha mãe, quando morávamos na fazenda.Eu ainda era criança. Curiango é uma espécie de coruja que vive à beira das estradas (também conhecido por "bacurau"), e seu canto imita a expressão:"amanhã eu vou". Já o urutau é também uma ave noturna (chamada de "mãe da lua") , cujo canto lembra a frase;" foi,foi,foi, não voltou mais". Daí construí o jocoso poema.
CADASTRE-SE
GRATUITAMENTE
Você poderá votar e deixar sua opinião sobre este texto. Para isso, basta informar seu apelido e sua senha na parte superior esquerda da página. Se você ainda não estiver cadastrado, cadastre-se gratuitamente clicando aqui